
Políticos falam de política e miram disputas eleitorais o tempo inteiro. Por mais que alguns tentem negar, falar de eleição é quase sinônimo de respiração para os políticos.
Contudo, mesmo dentro dessa realidade contraproducente da nossa política, o bom senso e a prudência são sempre exigidos, afinal, os experientes são cautelosos.
Mas nem todos parecem ter esse discernimento. Um exemplo claro dessa falta de bom senso político pode ser observado a partir de uma publicação feita nesta segunda-feira (19) pelo prefeito do município de Coronel José Dias, Victor Carvalho (PSD).
O gestor vive a sua primeira experiência política. Empossado em janeiro, está há menos de cinco meses no cargo. Portanto, ainda nem esquentou a cadeira.
Mesmo assim, Victor Carvalho já publicou uma pesquisa de intenção de voto sobre sua candidatura à reeleição, que, se o curso natural seguir, só acontecerá em 2028. A pesquisa realizada pelo Instituto Divulga SRN aponta que, se eleição fosse hoje, 66% dos entrevistados votariam novamente em Victor Carvalho para prefeito da cidade, enquanto 18,7% disseram que “talvez” votem e 15,3% afirmaram que não votariam.
Além da intenção de voto, a pesquisa apresenta números sobre aprovação de gestão, mostrando o prefeito bem avaliado, com 80,7% dos eleitores dizendo que o aprovam. Nas redes sociais, o gestor tem mostrado entregas nos primeiros de gestão.

Bastante falado entre seus próprios colegas prefeitos como “midiático demais”, Victor Carvalho comete não apenas um erro ao propagandear pesquisa de intenção de votos estando com apenas cinco meses de gestão. Ele também mostra uma cristalina falta de bom senso do ponto de vista de homem público que é, ungido pelo voto popular.
Diferente da maioria dos políticos, os cidadãos comuns não estão preocupados 24 horas com eleição, mas sim com os serviços e com a capacidade do poder público de lhes oferecer vida digna, com saúde de qualidade, segurança, educação, saneamento, etc.
Victor Carvalho até pode encomendar levantamentos de intenção de votos no quinto mês da gestão para consumo interno, mas estampá-los publicamente como troféu evidencia porque a classe política é vista muito mais como mera interessada nos dividendos eleitorais do que na abnegação pelo trabalho em prol de sua comunidade.
É evidente que o cálculo eleitoral de uma ação faz parte da atuação de qualquer gestor, mas isso precisa ser feito com a prudência e a inteligência necessárias para não parecer que tudo se dá apenas pela busca do holofote, da projeção e da ascensão eleitoral. Quando se passa essa ideia, é sinal que o percurso aparentemente certo está errado.